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Entrevista a Geoff Markham

12/02/2018
Geoff Markham, arquiteto da DSA Architects International, está por trás de projetos de hotéis como o Hotel Park Haytt de Mallorca, projetado com canais de drenagem ACO. O gabinete tem mais de 30 anos de experiência, tem escritórios em Lisboa, África do Sul e Dubai, e projetou hotéis para 28 países diferentes.

“A função do arquiteto é reunir acionistas, operadores, população local, utilizador e o ambiente e criar algo que beneficie.”

É responsável por projetos de hotéis situados em Maiorca, como o Park Hyatt e La Residencia. De que forma a arquitetura evoluiu em Maiorca ao longo dos últimos anos?

Até agora, como destino, Maiorca serviu dois mercados bem distintos com sucesso: o turismo de massas, com as praias ao longo da costa em ambos os lados da capital Palma, e, ao mesmo tempo, desenvolvimentos de ponta exclusives do género dos que a DSA Architects International tende a estar envolvida, como o La Residencia e o Park Hyatt Mallorca. Para o lado luxuoso desta oferta contribuíram significativamente as filmagens no local para a série de sucesso The Night Manager, que decorreu maioritariamente na ilha. É gratificante ver a restauração de edifícios históricos, que, de outra forma, estariam devolutos, e a sua transformação em hotéis de luxo. Esperamos continuar a estar envolvidos neste tipo de projetos, que podem constituir um grande desafio, tanto na ilha como noutros destinos. Entretanto, o nosso próprio projeto Park Hyatt, o primeiro hotel resort Park Hyatt na Europa, comemora o seu primeiro ano de pleno funcionamento. A marca Park Hyatt requer, especificamente, um forte caráter local ou regional como um dos valores fundamentais do hotel. Na DSA Architects International, concordámos com esta exigência e construímos este novo desenvolvimento numa escala relativamente grande num estilo tradicional, uma aldeia maiorquina totalmente nova que se converteu num hotel.

Na verdade, durante a conferência dos hotéis, conseguimos aperceber-nos de que o utilizador dos hotéis mudou, assim como os hotéis. Em que situação nos encontramos agora?

Fragmentados. As estatísticas da UNWTO mostram que o número de chegadas de turistas continua a aumentar. Estima-se que ultrapasse os 1,4 biliões antes de 2020. Ao mesmo tempo, uma percentagem crescente do rendimento individual nos países desenvolvidos é gasta em serviços, incluindo em hotéis e turismo. A tecnologia afetou a indústria do turismo. Mais de três quartos dos consumidores britânicos reservaram as suas férias online em 2016. Também sabemos que as pessoas viajam por vários motivos, incluindo negócios, obrigações familiares, saúde e lazer. O turista vê-se agora confrontado com uma grande diversidade de escolha. Sites como o Airbnb aumentaram a oferta de quartos de aluguer, e novos e inovadores, por vezes bastante inovadores, operadores entraram no mercado. Durante a conferência de design do hotel, pudemos explorar alguns dos novos hotéis mais estranhos do grafitista Banksy: um hotel de design em Belém, condutas a um preço justo na Áustria e cápsulas nas montanhas dos Andes. A indústria hoteleira estabelecida reagiu a esta combinação de crescimento e concorrência crescente, consolidandose através de uma série de fusões e, em simultâneo, voltando-se para mercados que se identifiquem com cadeias hoteleiras de uma marca que o público reconhecerá ao procurar por um certo tipo de mercado. Por vezes, este facto levou à promoção crescente de um nome global: Accor e Belmond, por exemplo. Nos outros lados, muitos dos principais operadores hoteleiros oferecem um portefólio de denominações diferentes de marcas hoteleiras. A seguir à fusão da Starwoods e da Marriott, dois destes portefólios foram fundidos e a pàgina Web da marca Marriott contém agora 30 designações comerciais diferentes, cada uma visando o seu próprio segmento de mercado específico.

O que é que os promotores dos hotéis pedem aos arquitetos?

Frequentemente, o promotor ou o proprietário não é o operador hoteleiro e cada uma de estas duas partes interessadas terão prioridades diferentes. A função do arquiteto é reunir todos e criar algo que beneficie todos os acionistas envolvidos, incluindo proprietários, operadores, a população local, o utilizador final e o ambiente. Os principais operadores mantêm as ‘regras da marca’, incluindo orientações de design, habitualmente de natureza comercial confidencial. Estas regras podem ocupar centenas de páginas e controlar tudo, desde o diâmetro da calha de escoamento da lavandaria ao número de cacifos do pessoal e às espreguiçadeiras. Na DSA Architects International participamos na elaboração destas regras para, pelo menos, uma das conhecidas cadeias hoteleiras de luxo, planeando quartos típicos e produzindo informação que, posteriormente, pode ser utilizada e adaptada por outros arquitetos.

Que papel o sistema de canalização de águas desempenha no design e construção de um hotel?

Todos os hotéis necessitam de água (exceto, possivelmente, as condutas austríacas e as cápsulas dos Andes). A importância dos elementos da água e da canalização da água aumenta com o tipo de hotel, dependendo se é um hotel de negócios no centro da cidade ou um hotel turístico, um spa hotel ou um hotel resort completo espalhado por vários edifícios com as suas próprias piscinas, fontes, spas e lagos ou canais. No caso do recentemente concluído sistema de canalização de água do Park Hyatt Mallorca, foi particularmente importante, não apenas pelos habituais motivos de tornar os espaços atrativos, arrefecer o ambiente e providenciar todas as instalações necessárias, mas porque a conservação da água é de extrema importância na ilha de Maiorca. O design da DSA Architects International para o resort ocupa um anfiteatro natural. Com uma planificação cuidada, conseguimos canalizar grande parte das águas da chuva, provenientes das colinas circundantes, à volta do perímetro do local para um reservatório subterrâneo, onde é armazenada ou redirigida para irrigação, armazenamento de água para combate a incêndios e outras finalidades relevantes.

Os arquitetos encontram todas as soluções necessárias para a drenagem da água da chuva nos espaços exteriores?

Nem sempre é fácil encontrar uma solução atrativa para a instalação de cobertures para canais de drenagem em espaços exteriores. São um elemento que é facilmente ignorado e esquecido. Por esse motivo é que a DSA Architects International ficou particularmente grata por descobrir a gama de produto fabricada pela ACO, como cuidadosamente apresentam no seu livro ‘The Aesthetics of the Line – Line Drainage for Unique Locations’. Os designers do séc. XXI utilizam cada vez mais geometries curvas ou não retilíneas experimentais. Por conseguinte, é muito útil encontrar um fabricante que esteja empenhado em encontrar novas e inovadoras soluções. Entre as diversas opções disponíveis da gama da ACO, gostamos particularmente da facilidade do Canal Radius, uma vez que utiliza as condutas lineares curvas.

E para o design de chuveiros nas casas de banho dos quartos? Qual é a solução ideal para um chuveiro de azulejos?

Num hotel de luxo, a casa de banho do quarto de hóspedes é frequentemente o lugar onde é possível criar uma verdadera sensação de luxo, onde um convidado pode sentir que está a ser mimado de uma forma especial, mais do que na sua própria casa. Os chuveiros em todos os quartos do hotel, sendo ou não de luxo, devem ser seguros, fáceis de usar com todos os controlos e jatos de água corretamente posicionados e a funcionar devidamente. Tudo deve estar num local de fácil acesso, desde o champô ao toalheiro. O chuveiro deve escoar bem, sem qualquer risco de fuga de água, devendo existir uma boa ventilação para evitar que o espaço se encha completamente de vapor. Por motivos de segurança, é obrigatório ter pegas para agarrar, descansos para os pés e bancos. Hoje em dia, espera-se que a base do chuveiro esteja ao nível do solo, sem um degrau à entrada, e com a oferta de uma opção de chuveiro de parede e ou de um chuveiro manual. Normalmente, o chuveiro num bom hotel é maior do que o equivalente doméstico encontrado na maioria das casas; alguns chuveiros podem também incluir jatos corporais horizontais. Além disso, uma “experiência de chuveiro” de luxo incluirá jatos de vapor, impulsos de água e um chuveiro programável, onde a temperatura, a direção e o tipo de jato, perfume e vapor variará durante um período de tempo definido, acompanhado por música ambiente e de luzes que mudam de cores. O interior do chuveiro é, muitas vezes, em mármore de excelente qualidade e o ralo uma ranhura discreta.

E, para si, como seria o hotel de “água” perfeito?

Hotéis de gelo (nunca projetamos nenhum), piscinas infinitas, cabinas suspensas sobre o Oceano Índico, piscinas com cascatas a caírem uma sobre a outra numa íngreme ravina na selva. Não acredito que haja um hotel de água perfeito. Como designers, estamos sempre à procura de pistas do ambiente, da tradição e do genius loci, a natureza especial de um determinado lugar e dos seus habitantes. Pessoalmente, acredito que devemos começar cada projeto com uma mente aberta. A água é uma presença constante, é verdade, temos noção disso pelos nossos conhecimentos e pela nossa experiência, mas é numa viagem de descoberta que embarcamos no início do processo de design. Em vez de um resultado ‘perfeito’, existem inúmeros hotéis de água perfeitos à espera que os encontremos.

Nas fotos, o Hotel Park Hyatt em Palma de Mallorca (Direitos autorais das fotografias Park Hyatt).

 

 

 

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